MANGÁCON I – O 1º Evento de Mangá e Animê
A primeira fantasia de animê foi feita no Brasil e foi o de “Mu de Áries” (de Cavaleiros do Zodíaco), confeccionada pela Cristiane A. Sato, depois presidente da Abrademi. Ela usou a fantasia no 12º aniversário da Abrademi, em fevereiro de 1996, sendo a primeira cosplayer do Brasil em evento de mangá e animê.
A notícia correu rápido pelo Brasil (e olha que não havia internet na época), e prevendo que haveria muitos cosplayers, a Abrademi anunciou o primeiro Concurso de Cosplay do Brasil, para a 1ª MangáCon, realizada no dia 13 de outubro de 1996. Este também foi a primeira convenção de mangá e animê realizada na América do Sul.
Na 1ª MangáCon, no primeiro concurso de cosplay a votação aconteceu por aclamação do público. Venceu a Judy com a fantasia de Saori de Cavaleiros do Zodíaco. Não temos número exato de concorrentes. Nesse evento já houve um show da cantora Miyuki (hoje apresentadora da Radio Banzai), que foi a primeira vez que alguém fazia um show com temas de animê, e entrega do troféu Seiyu aos dubladores mais votados. Nesse ano foram homenageados Gilberto Baroli (dublador e diretor de dublagem), Cláudio Seto (desenhista de Curitiba (PR) que faleceu em 2008) e os cartunistas Jal e Gual (incentivo à Abrademi), que são os criadores do troféu HQ Mix, que continua até hoje no Sesc Pompeia.
A criação da MangáCon
Todos os eventos ligados a histórias em quadrinhos ou animação, até então, ocorriam em espaços públicos, ou seja, gratuitos, onde, evidentemente não se pode cobrar ingresso e nem vender qualquer coisa, entre outras limitações. A MangáCon foi o primeiro a alugar um salão para sua realização, o que permitiu decorar o espaço, colocar som ambiente temático, servir alimentos, enfim, algo parecido com uma festa. A experiência vinha das festas de aniversário da própria Abrademi, e em fevereiro de 1996, a Abrademi tinha feito sua festa de 12 anos, já no salão alugado da Associação Shizuoka, da Liberdade.
A ideia da MangáCon começou bem modesta. A Abrademi havia divulgado o concurso de desenho de mangá, que recebeu o nome de Abrademi Contest, cuja finalidade era incentivar desenhistas jovens, principalmente os alunos dos cursos da Abrademi. Como muitas crianças e jovens haviam passado pelos cursos era certeza de que haveria um número razoável de participantes, e Francisco Noriyuki Sato, que havia deixado o cargo de presidente, era jornalista e a Abrademi tinha espaços fixos em dois jornais nipo-brasileiros para falar sobre mangá. Assim, a divulgação foi boa e vieram mais trabalhos do que se esperava. Ao prêmio, que era um troféu para o primeiro de cada categoria e medalhas para os outros quatro colocados, foram acrescidas as bolsas de estudo na Escola de Desenho Atelier, oferecidas pelo professor Roberto Otsu.
Poderia simplesmente enviar o prêmio pelo correio, mas a comissão organizadora achou melhor fazer um evento de entrega, além, é claro, de expor aqueles trabalhos vencedores para todos conhecerem os trabalhos dos outros. E se vão fazer entrega com a presença de profissionais do ramo era melhor ter algo para comer e beber. Acharam interessante homenagear alguns veteranos na ocasião. Resolveu-se então cobrar um ingresso simbólico para pagar parte das despesas, sendo que os vencedores e os homenageados recebiam os ingressos de graça. Quem paga ingresso quer ver alguma apresentação, e assim, foi providenciado um show com a cantora Miyuki, e um concurso de cosplay, já que se tinha conhecimento de que várias pessoas viriam de cosplay.
Assim, o evento foi aumentando, e o que seria uma festa de entrega de um prêmio de desenho acabou se tornando no primeiro evento de mangá e animê da América Latina, realizado em outubro de 1996, no salão social da Associação Shizuoka do Brasil, na Rua Vergueiro, na Estação São Joaquim, no bairro da Liberdade, em São Paulo.
O Abrademi Contest revelou muitos artistas jovens e continuou sendo realizado até o ano 2000, e a entrega de prêmio sempre foi realizada dentro do MangáCon, cuja edição cinco foi a última.